Os Planos de Maneio das diversas áreas de conservação, existentes no País, não integram acções concretas, para fazer face à problemática de conservação dos rios que nelas correm, apesar de manifestarem preocupação sobre este aspecto.
Esta constitui uma das principais conclusões do segundo debate sobre a adaptação às mudanças climáticas, promovido, quinta-feira, 27 de Abril, em Maputo, pela FUNDE – Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação, sob o tema “Mudanças Climáticas e o Ciclo da Água: Rios que Fluem – Espinha Dorsal das Áreas de Conservação”.
O evento tinha em vista elevar a sensibilidade de docentes e estudantes, relativamente à matérias relacionadas com as mudanças climáticas e a gestão e uso de recursos naturais, no contexto de Moçambique.
Durante o debate, foram feitas apresentações sobre a caracterização dos recursos hídricos no Parque Nacional de Chimanimani e um estudo de pré-viabilidade para um sistema de pagamento por serviços ambientais de água, por António Hoguane, síntese da situação dos rios nas áreas de conservação, por Chelsea Langa, e ainda a experiência sobre a gestão dos rios, no contexto da Reserva de Niassa, partilhada pelo biólogo Madyo Couto.
No âmbito do debate abordou-se o facto de constar no Plano de Maneio do Parque Nacional do Limpopo, manifesta preocupação pelo facto de o Rio Elefante, que fluía durante todo o ano, apresentar-se, agora, em determinados períodos, completamente seco. No que concerne ao Plano de Maneio da Reserva de Maputo abordou-se entre outros assuntos, a questão da gestão do Rio Maputo não estar na alçada do empreendimento, factor que impede a intervenção desta instituição para mitigar a ocorrência de problemas decorrentes da captura do camarão e peixe, principalmente, no delta do rio.
Entretanto, os participantes no debate, elogiaram o facto de este parque possuir um projecto interessante, com base no qual foi feita a extensão de pastos e a construção de bebedouros para o gado, por forma a motivar a população, que reside dentro do espaço, para dar de beber os animais fora do parque, apesar de isso não ter sido delineado no seu plano de actividades.
Intervindo, na sessão de abertura do evento, o membro do Conselho de Administração da FUNDE e reitor da Universidade Politécnica, Narciso Matos, referiu que falar da água inspira todo tipo de sentimentos, desde a água para beber, água que provoca cheias, até à água que falta para a agricultura: “Todos pensamos que sabemos alguma coisa sobre a água, daí que o tema não podia ser melhor, para continuarmos a realizar este tipo de debates”, disse.
Este, segundo explicou, é o segundo evento de referência que a FUNDE organiza sobre as mudanças climáticas. O primeiro, foi organizado em Dezembro de 2022, inserido no ciclo que a FUNDE pretende desenvolver ao longo deste ano, devendo culminar, no próximo ano, com a realização de uma conferência internacional sobre questões climáticas, com foco no ciclo da água.
“É um programa contínuo, que vai trazer à luz debates sobre temas candentes, que dizem respeito ao dia-a-dia da sociedade, e que se inserem num projecto que a FUNDE está a desenvolver com vista à criação de um Centro de Biodiversidade”, concluiu.