Constituída em 2012, a FUNDE entrou efectivamente em operação, um ano depois, implementando projectos de cariz social em várias áreas, envolvendo as comunidades, com foco na educação. Mais tarde, seleccionou três áreas específicas de actuação que constituem o perfil identitário da fundação, nomeadamente “Ambiente e Biodiversidade”, “Saúde e Nutrição” e “Inclusão e Género”.
“Com estas três áreas entendemos que conseguimos abarcar o foco das actividades do Grupo IPS com o que vai dar resposta às necessidades das comunidades”, explica Rosânia da Silva, Directora Executiva da FUNDE.
Com o perfil definido, a FUNDE, através do Centro de Biodiversidade e Sustentabilidade, do Gabinete de Estudos e Projectos e do Centro Educativo Multidisciplinar (CEM), desenvolve importantes projectos de imensurável impacto socioeconómico. Trata-se dos projectos “Biodiversidade e Sustentabilidade”, “Mente Sã em Corpo São”, “Trabalho para o Progresso” (W4P) e ainda assistência jurídica e psicológica à comunidade.
“O que pretendemos com o Centro de Biodiversidade e Sustentabilidade é dar resposta à necessidade de educação para a área ambiental, pois, ao fazer uma abordagem sobre estes aspectos fazemo-lo na perspectiva de educação, da consciencialização da mudança de mentalidade e da educação para a mudança de comportamento. Isto enquadra-se no lema da FUNDE, que é de educar para desenvolver, porque só com a educação e a mudança da mentalidade se faz a mudança real”, refere Rosânia da Silva.
A prioridade da fundação tem sido a criação de uma carteira de actividades que possam demonstrar o foco e o modo da sua actuação, através de eventos de referência, que são debates, com a participação de especialistas, da comunidade académica, dos estudantes e da sociedade civil, com vista a reflectir sobre determinados temas importantes.
O ciclo de debates, ou eventos de referência, teve início em Dezembro de 2022. O primeiro evento decorreu, em Maputo, sob o tema “Mudanças Climáticas e o Ciclo da Água” e tinha por objectivo visualizar a água nas diversas vertentes e sobre como é que ela pode impactar na vida das pessoas, quer pelo excesso, quer pela escassez.
“O impacto que esperamos destas acções é a mudança de comportamento, pois sabemos que alguns aspectos já são quase irreversíveis, mas há outros que podem ser ainda controlados e que podem passar por um processo de reversão. Aliás, ao nível do Grupo IPS, espera-se uma mudança de consciência, quer no que diz respeito ao dia-a-dia do seu funcionamento, no que se refere ao uso da água, energia, entre outros recursos”, frisa.
Neste projecto ambiental, a FUNDE tem trabalhado em parceria com parceiros como o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Biofund e a WCF, organizações experientes nesta área e que se juntam à fundação, fornecendo conteúdos e oradores nos eventos de referência.
Mente Sã em Corpo São
Desenvolvido, através do Centro Educativo Multidisciplinar (CEM), localizado na Matola, província de Maputo, o projecto “Mente Sã em Corpo São” enquadra-se na linha temática da FUNDE, no concernente à Inclusão e Género.
“Neste projecto procuramos trabalhar com mulheres. Inicialmente, o foco era providenciar atendimento psicológico à comunidade, mas constatamos que havia pouca adesão, devido ao preconceito. Daí, criamos um conjunto de actividades que integram atendimento psicológico, atendimento jurídico e acções de autossustentabilidade, como corte e costura, culinária e empreendedorismo”, destaca.
O curso de corte e costura visa ajudar as mulheres a gerar renda, contribuindo, deste modo, na melhoria da qualidade de vida das suas famílias: “No decurso dos cursos identificámos beneficiárias que apresentam problemas e remetêmo-las ao atendimento psicológico. Muitas vezes os problemas psicológicos acabam por desembocar em questões jurídico-legais, razão pela qual integramos o atendimento psicológico e jurídico, no projecto”, enfatiza Rosânia da Silva.
Acresce-se a estas acções, o programa de culinária, através do qual as mulheres aprendem sobre o valor nutricional dos alimentos, para que possam confeccionar refeições mais nutritivas para as crianças e as suas famílias, no geral.
Para Rosânia da Silva não se justifica que num espaço onde abundam alimentos como verduras, batata doce, entre outros, registem-se casos de desnutrição: “A desnutrição, muitas vezes, não tem a ver com a falta de dinheiro, mas sim com a forma como as pessoas preparam os alimentos. Daí a necessidade de capitalizar o poder nutritivo desses alimentos”, indica.
O empreendedorismo, que incluiu a literacia financeira, é a última actividade integrada neste pacote. Pretende-se com este programa incutir às mulheres noções de economia, por forma a gerir melhor o seu dinheiro.