O Grupo IPS Lda., através da Universidade Politécnica e da Fundação Universitária para
o Desenvolvimento da Educação (FUNDE) em parceria com a Fundação Dom Cabral, do
Brasil e o Moza Banco, promoveu, recentemente, em Maputo, uma mesa redonda
subordinada ao tema "Educação como Base do Desenvolvimento Económico e
Empresarial – O Papel das Instituições de Formação".
O evento, que tinha por objectivo debater a situação actual da formação para o
mercado do trabalho e a sustentabilidade da mesma face aos desafios do momento,
contou com a participação do embaixador do Brasil em Moçambique, Ademar Seabra,
do reitor da Universidade Politécnica, Narciso Matos, entre outros convidados.
O painel do debate foi moderado pelo Prof. Doutor Augusto Jone, sendo oradores
principais a Profª. Viviane Barreto, em representação da FDC, o Dr. Félix Machado, em
representação da CTA-Confederação das Associações Económicas de Moçambique, e o
Prof. Doutor Francisco Noa, em representação da Universidade Politécnica.
Viviane Barreto – Directora de Estratégia Global de Relações Internacionais da FDC
“A parceria com a Universidade Politécnica amplia o nosso olhar sobre o mundo, sobre
a educação e a internacionalização das escolas serve para ampliar a perspectiva. Nós
percebemos que ao mesmo tempo que estamos distantes, estamos tão próximos. O
tema da Educação como Base do Desenvolvimento Económico e Empresarial – O Papel
das Instituições de Formação no desenvolvimento dos países, mostra-nos que temos
muita similaridade entre o Brasil e Moçambique. Uma escola de negócios além de trazer
a formação básica necessária para o desempenho de uma determinada função, precisa
de ampliar o modelo de pensamento dos formandos”.
Félix Machado – Representante da Confederação das Associações Económicas de
Moçambique
“A educação fornece habilidades e conhecimento necessário para impulsionar a
inovação, aumentar a produtividade e promover o empreendedorismo. Em
Moçambique, hoje, muitos graduados não trazem qualidade ética nem técnica suficiente
para solucionar os problemas sociais e, particularmente dos empresários. Neste sentido,
são incapazes de desempenhar soluções básicas das suas áreas de formação e isto nos
preocupa profundamente como empresários. Preocupam-nos também as instituições
que os lançam no mercado do trabalho. Isto acontece porque, no nosso entendimento,
foi desvirtuado o papel das instituições de ensino. Os estudantes estão preocupados, na
sua maioria, com os graus e as instituições em imprimir certificados. É um verdadeiro
branqueamento de conhecimento que temos assistido hoje. Há estudantes que
frequentam as universidades para conseguir emprego e não conhecimento”.
Francisco Noa – Representante da Universidade Politécnica
“Ao longo de muitos anos, as universidades têm estado a receber jovens com formação
defeituosa. As universidades tentam corrigir esses aspectos, mas não é num ou dois
anos que vão conseguir corrigir 12 anos de má formação. A educação está em falência.
A educação em Moçambique está à beira do colapso. Há de facto um afastamento, uma
insensibilidade sobre a importância que a educação tem sobre a economia do País. Fiz
parte da comissão que criou o sistema de avaliação e garantia da qualidade no ensino
superior, entre 2004 e 2007. Posso garantir que o que perspectivamos não tem nada a
ver com o que hoje é o CNAQ. Logo que apresentamos a proposta foi imediatamente
anulada. Enquanto não houver uma visão global sobre como é que devemos lidar com a
educação, continuaremos a ter cada vez mais pessoas instruídas, com licenciatura,
mestrado e doutoramento,mas não educadas, no sentido de que não têm nenhum
respeito por ninguém”.